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DA PÁSCOA DA VIDA


Da Morte e Da Vida


É Páscoa!. Desde criança, não esquecemos, a imagem daquele simpático coelhinho que chega, trazendo presentes, ovos e festa!


Mais tarde, entretanto, compreendemos também que o sentido mais profundo da data nos lembra de perseguição, traição, sofrimento, tortura, via crucis, morte!. Todos sentimentos e condutas humanas. Depois, pedra arremessada, luz penetrante, notícia triunfal: ressurreição! As narrativas da vida de Jesus, de Nazaré, têm uma significação profunda e coerente com a psicologia humana.


Sofrimento, morte e vida são sentimentos que podemos compreender na via sacra de nossos dias. Uns mais outros menos, todo homem tem seu fardo, sua cruz e, como homens, perseguimos, a cada dia, a diminuição deste peso, o melhor bem-estar, a perfeição das atitudes. Há, no entanto, aquele que busca longe o que está perto, o que procura onde não há, o que constrói sobre a areia, o que busca sem saber o quê.


Todos queremos progredir, viver na plenitude da palavra. Alguns buscam no ter, outros buscam no ser: Ter mais ou ser mais. Na busca do SER, se quisermos viver, temos que morrer!


Se procuramos tornar-nos melhores, é porque, ainda, muito imperfeito somos. Cada vez que melhoramos, é porque uma parte defeituosa em nós feneceu. Cada vez que condenamos em nós um pequeno defeito de ser, empreendemos um grande passo em direção à perfeição, porque antes da vida, veio a morte: o sacrifício da mudança. E então, quando isto acontece, começamos a melhor compreender o sentido da nossa existência, começamos a nos descobrir mais como pessoa. É como se a cada melhora fossemos tirando um pedaço da venda de nossos olhos, representada por todos os sentimentos e atitudes mesquinhas que trazemos em nossa bagagem. E o mundo começa a ficar mais cheio de luz!


É que às vezes, porém, esta venda parece estar lacrada em nossa face, causando-nos medo de ver e de morrer! Então, preferimos o caminho mais fácil, o caminho da acomodação, do ‘deixa como está’. E seguimos na vidinha escura, de pensamentos pequenos e atitudes falhas. Assim, vivendo para morrer!


A Páscoa, do Nazareno, nos diz que a morte vem sempre antes da VIDA, que é preciso morrer para VIVER. Entretanto, na nossa fraqueza de humanos, teimamos em querer viver sem morrer! Esta é a dicotomia. Para ser um bom amigo, um bom pai, um bom filho, um bom profissional, tenho que olhar para meus atos e ‘matar’ em mim tudo aquilo que me faz um mau amigo, um mau pai, um mau filho ou um mau profissional: Deixando de ser joio para ser trigo. Cada dia, ressuscitando, estaremos galgando degraus para chegar à apurada escultura de um espírito admirado!


É Páscoa! Não cometamos o erro daquele religioso fervoroso que não atenta mais para as preces que diz. Bem dizendo, esta é mais uma Páscoa; na verdade, são tantas as Páscoas... E eu, ainda continuo no mesmo estágio humano das páscoas passadas? Ou aproveitei pra ressuscitar em mim um 'homem' um pouco melhor?


Se a cada Páscoa condenamos à morte uma mesquinhez, um vício, uma conduta errada ou uma maldade rotineira, com certeza, nosso mundo interior estará, mais pleno de luz, provando, parcialmente, da ressurreição anunciada pelo Galileu! E o mundo ao meu lado estará certamente melhor!


Ele, resignado, assumiu a dor. Mais do que isso, revelou a conquista da ressurreição e da libertação dos fardos, pesados, que carregamos.


Mostrou-nos o caminho de 'ser melhor', pois, morrendo, nos acenou com a VIDA. A vida em Plenitude!


Carlos Scapin


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